Nem sequer as tabuinhas.
Não foi vendida, não foi leiloada nem tão pouco despejada. Foi destruída. A Vivenda Silva foi completamente destruída de um dia para o outro. Ninguém viu, ninguém sabe nada. Ficaram apenas algumas manchas de humidade no chão.
O Silva e a companheira também desapareceram sem deixar rasto. Ninguém precisava dele, mas agora sentem falta dos objectos que ele vendia e as latas vazias começam a acumular nas esquinas, junto aos contentores do lixo.
‘Já estávamos habituados a tê-lo sempre aqui à mão. Não incomodava ninguém.’ Ao que parece o sentido de humor da Vivenda Silva estava a ser apreciado e até estimado pelos habitantes do Bairro. Quem no início não gostou da instalação, lamenta agora o desaparecimento.
‘Pelo menos davam uso aquele edifício tão feio. Até tinham uma porta feita com caixotes de fruta abandonados. Agora desapareceu tudo. Assim de repente.’
Não ficaram sequer as tabuinhas que faziam de mesa de cabeceira e suportavam um velho despertador e uma fotografia meia queimada.
Pode ser que tenham finalmente reunido o dinheiro necessário para casar.