No Bairro do Aleixo

segunda-feira, julho 04, 2005

Vivenda Silva.

Na falta de outro nome, ficou conhecido por Silva. Passa os dias de um lado para o outro a vender objectos velhos. Com os olhos a brilhar oferece a ’um bom preço’ um saco cheio de latas de conserva, um boné, um par de sapatos, uma roda de bicicleta, às vezes um ramo de flores quase murchas, caixas de cartão, esferográficas, lenços de papel, fotografias pornográficas ou recortes de jornais com notícias de celebridades.
Apaixonou-se por uma cliente regular do Bairro. Juntaram os cobertores, alguns cartões e os poucos objectos pessoais que possuíam numa esquina de um prédio. Construíram um abrigo.
Vivem em união de facto, segundo ele. ‘Mal tenha dinheiro faço uma festa de casamento!’
Há dias encontrou um grande azulejo branco num caixote do lixo. Pediu tinta emprestada numa oficina e escreveu a azul, com uma letra de escola primária, ‘Vivenda Silva’.
Cravou a placa num vaso à entrada do frágil abrigo. Exibe-a com orgulho a quem passa.
Hoje vendeu-me uma camisola de Inverno por cinco euros.

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