No Bairro do Aleixo

sábado, setembro 11, 2004

António Variações

Quando a cabeça...
Quando a cabeça não tem juízo. Quando te esforças mais do que é preciso, o corpo é que paga. O corpo é que paga. Deixa-o pagar, deixa-o pagar – se tu estás a gostar.
Quando a cabeça não se liberta das frustrações e inibições, de toda essa força que te aperta, o corpo é que sofre as privações, mutilações.
Quando a cabeça está convencida de que ela é ela e é uma maravilha, o corpo é que sofre, o corpo é que sofre. Deixa-o sofrer, deixa-o sofrer – se isso te dá prazer.
Quando a cabeça está nessa confusão e já sem saber o que deves fazer, ingeres tudo o que te vem à mão, o corpo é que fica – fica a cair sem resistir.
Quando a cabeça rola para o abismo, tu não controlas esse nervosismo, a unha é que paga. A unha é que paga. Não paras de roer, nem que esteja a doer.
Quando a cabeça não tem juízo e tu consomes mais do que é preciso o corpo é que paga. O corpo é que paga. Deixa-o pagar, deixa-o pagar – se tu estás a gostar.
Deixa-o sofrer, deixa-o sofrer – se isso te dá prazer.
Deixa-o cantar, deixa-o cantar – se tu estás a gostar.
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[O Corpo é que Paga, António Variações]
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NOTA: O António Variações não tem, nem teve, qualquer relação com o Bairro do Aleixo!