No Bairro do Aleixo

quarta-feira, junho 02, 2004

O Bairro do Aleixo e os turistas

Por uma curiosa e feliz coincidência há alguns anos construiu-se uma nova pousada da juventude perto do Bairro, junto ao Fluvial. Antes disso já existia um hotel importante ao lado do Centro de Saúde. Estas duas unidades hoteleiras fazem com que exista alguma frequência de turistas nas ruas circundantes, o que por si só não nos traz nenhuma vantagem: imagino que qualquer turista deva ser avisado de que não existem nem atracções nem lojas típicas aqui, imagino que qualquer cidadão europeu mal se aproxime do Bairro tenha vontade de voltar para trás – a menos que viva nos subúrbios de Edimburgo e, nesse caso, o Bairro não trará nenhuma novidade digna de visita. Ou seja, o turismo, uma das principais fontes de rendimento nacional, serve muito pouco a nossa comunidade.
No entanto acontecem coisas boas: por iniciativa da Comissão de Moradores, Traficantes, Consumidores e Outros Negociantes do Bairro do Aleixo (CMTCONBA) tem vindo a ser divulgado em alguns guias os produtos e serviços especializados do Aleixo. Mesmo que esta divulgação ainda não possa ser feita de uma forma específica e directa, tem dado alguns frutos. Ainda ontem assisti a um grupo de quatro jovens da Europa, falantes de inglês, que se deslocaram expressamente ao nosso Bairro para comprovar in loco a qualidade dos nossos produtos e confirmarem assim a simpatia e a vontade de bem servir da nossa comunidade. Infelizmente estes jovens dormiam na Pousada da Juventude, o que cá para nós significa não terem dinheiro suficiente para movimentar a primeira torre. Ou seja, limitaram-se a comprar dois contos de haxixe, e, verdade seja dita, foram muito bem atendidos: ninguém insistiu para que comprassem outras coisas, ninguém roubou uma máquina fotográfica digital da Sony, ninguém ficou com a carteira de um rapaz chamado Elliot Smith, nascido em Newcastle, no ano da graça de 1976. Estas informações foram obtidas por mim, porque um conhecido conversou com eles em termos bastante íntimos. Garantiram também que, dada a simpatia com que foram recebidos, iam escrever para o Lonely Planet recomendando a inclusão de uma referência ao Bairro do Aleixo na secção de Circuitos Alternativos ou na secção de Trekking na Península Ibérica, para as próximas edições do guia.
Esta visita faz-nos ainda tirar outras conclusões: é urgente e necessário investir na promoção e na imagem do Bairro junto das delegações de turismo e junto dos hotéis, principalmente dos hotéis com mais de três estrelas que é onde há asiáticos com três e quatro câmaras de filmar.