A frustração de Pedro
Pedro confessou-me que até o terem encarregue de fazer aquela investigação, nunca tinha pensado nem em redes de promoção nem sequer na internacionalização do Bairro. Possivelmente mais nenhum dos moradores se voltou a lembrar dessa ideia, mas aquele primeiro material encontrado incentivou-o a procurar mais informações.
Num rasgo mais ambicioso Pedro decidiu visitar alguns bairros da cidade, falar com as outras comissões de moradores e vender a ideia de ‘parcerias internacionais para promover a qualidade dos produtos vendidos’. Falou com gente do Viso, falou com gente de Francos, falou com gente do Cerco, falou com gente de Campanha e do Lagarteiro.
Sentiu-se um bocadinho Fernão Magalhães contemporâneo e toxicodependente a tentar vender aos reis ibéricos o caminho da salvação e a solução para ‘acabar com o sofrimento humano através da química’.
Ninguém lhe prestou atenção!
Os seus esforços não tiveram nenhum resultado. ‘Um rotundo falhanço’, desabafou ele quando se sentou na mesa do café onde eu bebia um fino. Foi comprar mais um chuto e dormiu o resto do dia.
Acordou cheio de energia e pensou: ‘Tenho o filha da puta dum computador com net em casa. Vivo aqui há uma porrada de anos. Vou escrever sobre isto. Tento arranjar alguém para pôr em inglês e vou ver no que é que dá.’ Levantou-se com um belo sorriso e tomou o pequeno-almoço na cozinha. ‘Foda-se! Isto pode ser uma grande ideia!’ disse ele à namorada enquanto lhe dava um apalpão no rabo.
Começou a escrever um blog.
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